Por GABRIEL MANZANO - O Estado de S.Paulo
Com quatro mortes, num total de nove em todo o
continente americano nos últimos seis meses, o Brasil marcou-se como o
país mais perigoso da região para os jornalistas. Os relatórios de 25
países, aprovados ontem no encerramento da Reunião de Meio de Ano da
Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em Barbados, no Caribe,
apontam mais dois mortos no México, outros dois em Honduras e um na
Colômbia.
Nas resoluções finais, a SIP "condena os nove assassinatos e pede às
autoridades desses países maior vontade política e rigorosa aplicação da
justiça". Além disso, faz um apelo "para se reduzir o clima de
insegurança existente no exercíci0 do jornalismo, decorrente dos altos
índices de impunidade".
O documento final de Barbados fala em "violência galopante" e "claros
retrocessos" para a liberdade de informação na América Latina, além de
"um aumento no nível de autocensura" principalmente na Argentina, Peru,
México e Honduras.
O informe destaca a "angustiante situação" da Venezuela, onde o
governo vem dificultando a compra de papel e pelo menos 20 jornais estão
ameaçados de parar de circular. A imprensa do país "vive seu momento
mais dramático", com 105 jornalistas detidos desde outubro "e ameaças
sem precedentes".
Entre os demais relatórios, os da Argentina, Equador, México e
Colômbia são também preocupantes. O argentino acusa o governo de fazer
da publicidade oficial "uma arma para premiar ou castigar" aliados e
adversários. Na Colômbia, além dos dois mortos outros cinco crimes
prescreveram e 142 seguem impunes. O relatório do Equador adverte que o
governo aprovou novo Código Penal e passou por decreto uma Lei de
Comunicações. Até o relatório dos Estados Unidos mereceu atenção
especial: o informe relata os conflitos entre a mídia e o governo, que
aumentou as restrições para divulgar informação.
BNC Comunicação