Wagner Baldez*
São Luis - O estalo é surdo, abafado,
porém seu efeito é devastador, contundente! Sem dúvida bem pior do que o relho
de couro cru, empregado na época da escravidão.
Em tais circunstâncias, o tronco,
disfarçadamente, é substituído pela cadeira polida, e a tanga do negro pela
calça, paletó e gravata do branco. Trata-se, pois, de uma forma enganosa de aparentar ao público um convívio salutar e
democrático entre partes envolvidas (
patrões e empregados).
Vestígio algum de cicatriz
jamais é visto no corpo. Já na alma, aludida presença assume conotações
traumáticas, comprometendo, inclusive, o perfil psicológico das vítimas, ao
ponto de consumir-lhes substancialmente a vontade em readquirir a liberdade
tantas vezes tripudiadas. Tal a atmosfera de medo e pavor respirada neste
ambiente hostil.
Mais do que simples
vítimas, tornam-se escravos manipulados. Cultivar sentimentos de resignação é
regra obrigatória.
Parodiando provérbio
popular, afirmam que “ boca fechada não entra mosca ”, ou quem muito fala, da
bom-dia a cavalo!
Através dessas articulações
vão eles administrando o comportamento de citadas criaturas com o intuito de
emudecê-las.
O algoz encarregado da execução, demonstra
conhecimento sobre a forma de manejar o instrumento de tortura.
Mediante este tipo de
procedimento é oportuno esclarecer à população que o palco onde se desenrola
essas tristes e desumanas cenas, têm como local os estabelecimentos bancários;
sendo O BANCO DO BRASIL a matriz.
As dores provocadas pelas
chicotadas começaram a ser sentidas a partir da pérfida campanha movida pelo
Governo, numa tentativa de convencer a sociedade tratar-se a classe BANCÁRIA de
verdadeiros “MARAJÁS”.
Logo após, esse mesmo
governo, através das direções dos bancos, surge com uma proposta que ele,
particularmente, sabia desastrosa: as tais das DEMISSÕES VOLUNTÁRIAS. Esta se
constituiu num verdadeiro genocídio social. Até hoje aqueles que aderiram ao
plano, vivem perambulando pelas ruas à procura de emprego...
O mais dramático é que com
a saída desses elementos, os quadros dessas instituições ficaram desfalcados;
cabendo aos funcionários de outras carteiras a responsabilidade pela acumulação
de respectivos serviços.
Mesmo assumindo novas
obrigações, nenhuma vantagem financeira fora incorporada aos seus ativos, como
forma de reconhecimento pelos esforços dispensados.
Logicamente que citadas
improvisações acarretaram, também, algumas dificuldades às suas clientelas,
privadas ultimamente de atendimento que evite perda de tempo em filas
incomensuráveis.
Nas agências do interior, a
situação se apresenta bem pior; existindo unidades com apenas três funcionários
operando com um público numeroso. Limite reservado para horário de trabalho não
existe: é assunto ou norma desconhecida.
Completando a nomenclatura
de sofrimentos por que passam esses bancários, uma outra preocupação, talvez a
maior delas, seja a dúvida quanto à garantia no emprego. Esta, realmente,
tornou-se insuportável, levando-os ao estresse a maioria dos que dependem
materialmente desse emprego. Afora todos esses percalços, comporta incluirmos
as questões da privatização e terceirização, igualmente asfixiantes.
Infelizmente, assim se
constitui à atual vida funcional dos bancários. Bem diferente, portanto, dos
tempos em que se orgulhavam de pertencer a uma categoria prestigiada: e não
escravos a gemer sob o peso das injustiças cometidas por uma horda de
miseráveis banqueiros, que, manobrando o seu chicote invisível, dominam e
submetem à mais sórdida exploração os filhos desta modernizada SENZALA
denominada BRASIL!!!
Funcionário Público Aposentado – Membro da Executiva
Estadual do PSOL – Integrante do Comitê de Defesa da Ilha – Fundador do
Instituto Maria Aragão.
BNC Artigo