A chegada do senador boliviano Roger Pinto ao Brasil, após 15 meses de
asilo na embaixada brasileira em La Paz, provocava polêmica neste
domingo, com o governo da Bolívia exigindo informações sobre a "fuga" do
político, que teria saído do país escoltado por militares brasileiros.
"Estamos pedindo informações oficiais, tanto ao governo do Brasil
como a outras autoridades (locais), sobre como se produziu a fuga de
Pinto", disse a ministra boliviana da Comunicação, Amanda Dávila.
Segundo o senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB), presidente da
Comissão de Relações Exteriores do Senado, Pinto viajou 22 horas entre
La Paz e Corumbá, no Mato Grosso do Sul, em um automóvel da embaixada,
escoltado por fuzileiros navais e policiais federais do Brasil.
De Corumbá, Pinto seguiu em um avião fretado para Brasília, onde
chegou na madrugada de domingo. O ministro boliviano de Governo, Carlos
Romero, denunciou que o senador Pinto abandonou "o país ilegalmente, com
contas a acertar na justiça", e que os procedimentos legais serão
aplicados.
Romero informou que pediu, mediante a polícia boliviana, que o
governo alerte a Interpol, não apenas porque há "uma sentença e a
proibição de saída" do senador Pinto, como também pela "entrada em um
país vizinho sem realizar o registro oficial de saída da Bolívia".
Já o ministro boliviano da Presidência, Juan Ramón Quintana, declarou
que Pinto "fugiu como um delinquente vulgar", e não como um senador da
República.
Quintana, braço direito do presidente Evo Morales e um dos principais
articuladores políticos do governo, disse que "esta fuga precisa ser
esclarecida, certamente as autoridades brasileiras vão ter que explicar
isto".
"Não sabemos como escapou, mas trata-se da fuga de um delinquente
porque é acusado penalmente" aqui na Bolívia. "Pensávamos que o senador
Roger Pinto se apresentaria à justiça para se defender".
O Itamaraty informou que investigará a saída de Pinto da Bolívia e
sua entrada no Brasil, destacando que "tomará as medidas administrativas
e disciplinares correspondentes".
"O Ministério está reunindo elementos sobre as circunstâncias em que
foi verificada a saída do senador boliviano da embaixada brasileira e
sua entrada em território nacional", destaca a nota do Itamaraty,
acrescentando que chamará seu encarregado de Negócios em La Paz, Eduardo
Saboia, para consultas em Brasília.
BNC America Latina