Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ano que se encerra foi marcado pelas ruas cheias e muito
trabalho para órgãos de segurança pública e, principalmente, para os
políticos brasileiros. Em 2013, o brasileiro ocupou as ruas em uma
reivindicação que começou por 20 centavos e virou grande luta por
melhores serviços públicos. A mobilização mexeu com parlamentares, com a
Presidência e ecoou na imprensa internacional.
Em Brasília, os ecos de paulistanos e cariocas se refletiram rapidamente. Manifestações começaram com dezenas de pessoas e, de repente, contavam com milhares na Esplanada dos Ministérios. O dia 17 de junho marcou uma das cenas mais emblemáticas do momento vivido no país: centenas de jovens ocupando as rampas e as cúpulas do Congresso Nacional gritavam por um país melhor enquanto a polícia observava e guardava a entrada do prédio.
Dias depois, milhares de jovens e famílias lotaram o gramado em frente ao Congresso. Foram cerca de 30 mil pessoas com faixas, bandeiras e cartazes pedindo saúde, educação e transporte de qualidade. Era um movimento sem partido - apenas o cidadão comum se queixando do tratamento que lhe dispensavam gritando suas dificuldades, angústias e carências. A essa altura, os brasileiros já figuravam nos jornais do mundo.
Nas ruas, a polícia se equipava e agrupava, preparada para
verdadeiras batalhas. E isso acabou ocorrendo em alguns momentos.
Excessos dos dois lados ocorreram em várias cidades e confrontos entre
policiais e manifestantes se tornaram frequentes. Era comum falar em
depredações, balas de borracha e bombas de gás. No meio desse turbilhão,
a imprensa registrava cada detalhe enquanto, por vezes, era hostilizada
por manifestantes e agredida por policiais.
Em vários momentos, a Copa das Confederações ficou de lado na rotina
do país. A população pautava a mídia e os protestos por mais
investimentos em serviços públicos de qualidade ecoou na política
brasileira. Enquanto o Congresso debatia a origem e a finalidade de tudo
que ocorria, a presidenta Dilma Rousseff foi a público elogiar a
iniciativa popular e condenar a violência. “Os manifestantes têm o
direito e a liberdade de questionar e criticar tudo. (…) De defender com
paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma
pacífica e ordeira. O governo e a sociedade não podem aceitar que uma
minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio público e privado
(..)”, disse na ocasião.
Na ocasião, o Congresso ensaiou uma reforma política, que ainda não
saiu do papel. De concreto, apenas o recuo no aumento das passagens.
Recentemente, parlamentares reconheceram não terem atendido o apelo popular e decisões políticas e eleitorais ficaram para 2014, ano de Copa do Mundo, e sobretudo, eleições.
Edição: Valéria Aguiar
BNC Brasil