São Luis - A presidente da Comissão de Direitos Humanos e das Minorias
(CDHM) da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputada Eliziane Gama (PPS) realizou, Reunião Extraordinária da Comissão para tratar
sobre a situação das vítimas dos atentados ocorridos na Região Metropolitana de
São Luís. Durante a reunião também foram tratados os problemas no Sistema
Penitenciário Maranhense como mortes, decapitações, organizações criminosas e
superlotação das unidades prisionais.
“Os depoimentos dos parentes
serão anexados ao pedido de indenização das famílias que a Comissão de Direitos
Humanos fará junto ao Estado, considerando que o Estado foi alertado diversas
vezes sobre a fragilidade do sistema prisional que culminaria em novas
rebeliões e atentados na cidade, numa demonstração clara do crime organizado”, esclareceu
Eliziane Gama.
A reunião foi coordenada por Eliziane Gama e contou
com a presença do deputado Raimundo Cutrim (PC do B); do Promotor de Justiça da
Infância, Márcio Thadeu; dos Promotores de Justiça Substitutos, Eduardo Lopes,
Renato Madeira, Alessandra Dorub; dos advogados Rafael Silva e Antônio Pedroza
da Comissão de Direitos Humanos da OAB; do presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Zema
Ribeiro; do presidente do Sindicato dos
Agentes Penitenciários, Antônio Portela; além de Conselheiros Tutelares de São
José de Ribamar e Paço do Lumiar.
Os representantes das instituições e da Sociedade
Civil Organizada ouviram os depoimentos dos parentes das vítimas dos ataques a
ônibus ocorridos na noite da ultima sexta-feira (03), que relataram a situação
das famílias após os atentados.
Jeorgiane Carvalho, tia da menina Ana Clara, que
morreu após ter mais de 90% do corpo queimado, falou sobre o drama família. Ela
informou que os parentes já pediram acompanhamento psicológico para a mãe de
Ana Clara e também que os meios de comunicação retirem da internet o vídeo que
mostra o momento do atentado. “É muito
triste tudo que aconteceu e está sendo muito difícil para nossa família,
principalmente com a veiculação destas imagens”, disse.
José
Augusto, irmão da outra vítima também falou sobre a situação dos filhos e esposa
de Márcio, 37 anos, que também teve corpo queimado no atentado. “Meu irmão não
tinha vinculo empregatício, trabalhava como diarista descarregando caminhões e
agora teve mais de 70% do corpo queimado. É triste ver bandidos soltos nas ruas
aterrorizando a população. É preciso que a sociedade se desperte e cobre
segurança”, enfatizou.
Ele
disse ainda que os parentes estão assustados, pois há um veículo não
identificado nos arredores da casa da família. O fato será comunicado para a
Polícia para garantir a integridade da família.
A deputada maranhense afirmou que a CDHM tomará as
devidas providências para que as famílias das vítimas recebam indenização do
Estado por causa da violência.
Sistema
Prisional
Durante a reunião a situação do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas também foi discutida. A deputada Eliziane lembrou
que já havia alertado por diversas vezes o Governo do Estado sobre o colapso no
sistema penitenciário e o reflexo disto nas ruas, após atentados ocorridos em
novembro do ano passado.
“Infelizmente
o que aconteceu não é novidade, dada a instabilidade do sistema prisional
maranhense. O Governo já havia sido alertado por esta comissão, e por diversas
vezes trouxe este assunto na tribuna desta Casa. A OAB, o Ministério Público e
demais órgãos também já tinham alertado. Portanto, o que está acontecendo são
atos do crime organizado neste estado”,
lamentou Eliziane.
O deputado Raimundo Cutrim também falou sobre o
reflexo na violência e a proporção de mortes dentro das unidades prisionais. “Falta
credibilidade, gestão e profissionalismo na segurança pública para combater de
fato toda esta violência. A situação é gravíssima, por isso é preciso trabalhar
de forma adequada”, criticou Raimundo Cutrim.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários
destacou que a entidade também já havia comunicado ao Governo do Estado sobre
as deficiências nos presídios e problemas da terceirização do trabalho nas
unidades.
“O sistema penitenciário está precisando de uma
ação enérgica. Estamos em estado de emergência e muito pouco foi feito. Temos
unidades sem agentes penitenciários como o CDP de Pedrinhas, onde há apenas
funcionários de empresas terceirizadas e sabemos que os agentes penitenciários
é que são treinados e capacitados para cuidar de detentos”, relatou.
O advogado Antônio Pedroza também reforçou a necessidade
de haver concurso público para agentes penitenciários e enfatizou a preocupação
com as medidas que estão sendo adotadas pelo Executivo sem diálogo com as entidades
que acompanham o problema nos presídios maranhenses.
“O Ministério da Justiça e o Governo do Estado traçaram
um plano emergencial, mas não ouviram quem acompanha de perto a situação das
penitenciárias. Infelizmente o que há são organizações criminosas em ataque contra
o Estado. Os líderes das facções sequer foram identificados até agora. Corremos
riscos por que não sabemos o que vão deliberar daqui para frente”, ressaltou.
Encaminhamentos
O
Promotor de Justiça Márcio Thadeu sugeriu que a CDHM emita nota pública
recomendando compromisso ético da imprensa na veiculação de fotos e vídeos
referentes aos atentados para evitar maior exposição das vítimas. A sugestão do
Promotor que é a Revista Veja, que veiculou imagem da criança sendo queimada,
seja receba ofício formal sobre a exposição das imagens.
O promotor
aproveitou para falar sobre a situação dos adolescentes que cumprem medidas
socioeducativas e os problemas nas unidades da Funac. Para ele, é momento
também de cobrar ações do Poder Público, visando garantir o que está previsto
em lei.
Eliziane Gama informou ainda que o grupo formado
pelos membros da CDHM, OAB, Ministério Público e Sociedade Maranhense de
Direitos Humanos realizará na tarde desta sexta-feira (10) uma visita ao
Complexo Penitenciário de Pedrinhas para constatar as condições das unidades
após a ocupação feita pela Polícia Militar e Força Nacional.
O
presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Zema Ribeiro informou
que na próxima segunda-feira (13) desembarca em São Luís a Senadora Ana Rita,
da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, que se reunirá com OAB, Tribunal
de Justiça e Representantes da Sociedade Civil Organizada.
BNC Parlamento Estadual
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