São Luis - Os dados sobre o câncer do colo do útero
revelam “Brasis” muito diferentes. No Norte, o país tem taxas de
mortalidade semelhantes às da Índia e de Bangladesh. No Sudeste, o
Brasil está próximo dos Estados Unidos.
Os
mineiros têm a taxa de mortalidade mais baixa pela doença no país. Os
registros mais altos estão nos Estados do Amazonas e Maranhão. No estado
governado por Roseana Sarney, a taxa de mortalidade é 16,92 por 100
mil.
Embora tenha perdido força no
Brasil como um todo, essa doença evitável é o tipo mais frequente de
câncer entre as mulheres do Norte. E é o segundo mais frequente entre as
do Nordeste e Centro-Oeste –sempre excluído o tumor de pele não
melanoma.
Segundo especialistas, as taxas são o
reflexo da falta de amparo. “É o câncer da pobreza. Só morre quem não
tem acesso a ginecologista e a um bom laboratório [de análise do
papanicolaou]“, diz Sérgio Bicalho, coordenador do programa de prevenção
do câncer do colo do útero e de mama da secretaria de saúde de Minas
Gerais.
No país, a taxa de mortalidade
é 4,14 por 100 mil –ou 4,66 com correções para comparação internacional
e 7,13 se ajustada de acordo com o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano).
Mesmo o índice nacional é alto, diz Marcos Moraes, presidente do conselho de curadores da Fundação do Câncer e ex-diretor do Inca. “As taxas variaram muito pouco [nos últimos anos], os gestores apresentam como se o problema estivesse resolvido. E absolutamente não está.”
O câncer do colo do útero está
ligado ao HPV, vírus transmitido sexualmente. Parte das mulheres
infectadas desenvolve lesões precursoras do câncer. Se forem tratadas, é
possível prevenir a doença em 100% dos casos.
Tanto
Moraes quanto Bicalho sustentam que a solução passa longe de
investimentos milionários. Está, dizem, na capacitação de quem faz o
papanicolaou, de quem avalia o material no laboratório e na organização
do serviço para chegar até a mulher.
Helvécio
Magalhães, secretário de atenção à saúde do Ministério da Saúde, lista
ações da pasta para reverter o problema, como o reforço no número de
serviços e equipamentos no Norte e no Nordeste e a ampliação das vagas
de especialização de médicos nas regiões.
Em
outro braço, o governo federal passará a ofertar a vacina contra o HPV
na rede pública de saúde em 2014. Os impactos dela, no entanto, só virão
em décadas.
Com informações da Folha de São Paulo
BNC Saúde