Comissão dos Direeitos Humanos do Senado |
São Luis - Evandro Éboli, Oswaldo Viviani – O Globo e Estado de São Paulo - O
Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, recebeu nesta
segunda-feira a visita de seis integrantes da Comissão de Direitos
Humanos do Senado, que desembarcaram no estado para tratar da crise do
sistema prisional. A visita durou cerca de duas horas, mas a ala mais
crítica do presídio, onde ocorreram decapitações, não foi vista pelos
senadores, pois não havia como garatir a segurança necessária aos
visitantes.
Os
senadores descreveram um cenário de caos e afirmaram que ouviram as
mais variadas queixas dos detentos e que encontraram celas superlotadas e
condições precárias de higiene nos presídios do complexo. Adversário
político da família Sarney, o senador João Capiberibe (PSB-AP) foi mais
crítico na avaliação.
-
O que encontramos ali foi um depósito de seres humanos. Não é uma
penitenciária. É um local degradante e sub-humano, sem qualquer higiene.
Há até paciente mental no local, que não deveria estar ali. É um lugar
sem regra. Em todos os pavilhões há pouquíssimos agentes penitenciários.
Esse é o resultado da privatização – disse Capiberibe.
Humberto Costa (PT-PE) também criticou as condições de Pedrinhas.
-
Encontramos superlotação, precariedade de higiene e ouvimos muitas
queixas, como a falta de acompanhamento dos processos e da presença da
Polícia Militar, armada, dentro do presídio. Tem preso que já poderia
ter se beneficiado da progressão de pena, mas não há quem cuide disso.
Costa e Capiberibe ressaltaram que a situação do Maranhão não é muito diferente de outros locais e outras instalações do país.
Os
senadores, que chegaram ao local por volta das 12h (13h no horário de
Brasília), estiveram acompanhados pelo advogado Antonio Pedrosa,
presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB maranhense.
Na
manhã desta segunda-feira, a senadora e presidente da comissão, Ana
Rita (PT-ES), e os senadores João Capiberibe (PSB-AP), Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP), Humberto Costa (PT-PE), João Alberto Souza
(PMDB-MA) e Lobão Filho (PMDB-MA) se reuniram com representantes da
sociedade civil na sede da OAB do estado.
Um
grupo de sessenta presos teria simulado uma greve de fome na visita que
uma comitiva de senadores da Comissão de Direitos Humanos fez, nesta
segunda-feira, 13, à Penitenciária de Pedrinhas, na capital maranhense.
Durante a passagem por uma das alas comandadas por uma das facções na
penitenciária, cerca de 60 presos disseram aos parlamentares que se
recusavam a comer a alimentação fornecida pela administração da cadeia.
A
visita dos parlamentares tinha por objetivo verificar a situação do
presídio e as condições dos presos. O grupo, que tem conversado durante
todo o dia com autoridades locais, está preocupado com as 62 mortes que
ocorreram na cadeia desde o início do ano passado, algumas por meio de
decapitações de detentos.
Um
dos integrantes da comitiva, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP),
contou ter visto “muita comida jogada no chão” das celas. Os presos
disseram ao senador que não havia condições de se alimentar com a comida
fornecida. A administração do presídio rebateu os detentos e mostrou
aos senadores a comida distribuída: arroz, feijão e carne. “A comida
estava em boas condições”, disse Randolfe, para quem a “simulação” tinha
por objetivo chamar a atenção e sensibilizar os parlamentares.
Os
senadores permaneceram três horas no presídio. No primeiro momento, os
parlamentares foram ciceroneados pelo secretário de Administração
Penitenciária, Sebastião Uchôa, e pelo comandante da Polícia Militar do
Maranhão, Aldimar Zanoni Porto, que lhes mostrou uma ala destruída em
rebeliões anteriores, mas, por estar em reformas, já estava em melhores
condições.
Os
integrantes da comitiva protestaram contra o fato de terem tido acesso
restrito às dependências da penitenciária. Conseguiram, posteriormente,
visitar uma das alas sem acesso restrito, na qual ocorreu a simulação da
greve de fome. Nessa parte do giro, Lobão Filho e João Alberto Souza,
aliados da governadora do estado, Roseana Sarney (PMDB), não
participaram da visita.
Os
parlamentares ouviram queixas de presos e de agentes penitenciários:
mistura de presos provisórios com condenados cumprindo pena; a grande
quantidade de agentes penitenciários terceirizados; agentes
penitenciários admitindo abertamente que presos têm de escolher a uma
das duas facções que dominam a cadeia. “Quem não toma partido, estava
condenado”, afirmou Randolfe.
O
grupo de parlamentares ainda tem encontro com representantes do
Ministério Público e Justiça estaduais e possivelmente com a governadora
Roseana Sarney. Para o senador do Psol, é preciso se fazer um mutirão
para retirar presos em situação irregular. Ele defendeu uma ação
conjunta de todos os poderes para resolver a crise nos sistemas de
segurança pública e penitenciário estadual. “É uma situação crônica: a
Polícia Federal e a Força Nacional não podem ficar lá permanentemente”,
afirmou Randolfe.
Barrados
Deputados
federais e estaduais e grupos que representam setores ligados aos
Direitos Humanos afirmam que foram impedidos de visitar algumas das
unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no
Maranhão, nesta segunda-feira (13). Nesta tarde, alguns dos presos
iniciaram uma greve de fome no complexo.
Os
parlamentares acompanham membros da Comissão de Direitos Humanos do
Senado que estão em São Luís para observar as condições do complexo.
Eles afirmam que foram expulsos após o exame de algumas áreas do
complexo. Os senadores continuam no local. Segundo eles, o governo do
Maranhão alegou que eles não poderiam dar continuidade à visita porque
não estavam cadastrados como os senadores.
“Entramos
em celas com apenas dois presos e que tinham colchões novos, foi tudo
maquiado para que os senadores não conheçam a verdadeira realidade que é
de superlotação e problemas estruturais graves”, afirma o deputado
Domingos Dutra (SDD-MA), ex-presidente da CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) do Sistema Prisional.
Os parlamentares também acusam o governo do Maranhão de direcionar a visita para as unidades de Pedrinhas com menos problemas.
“Era
muito importante que nós que conhecemos as condições pudéssemos
participar. É muito triste que a situação da segurança no Maranhão seja
politizada”, afirma Eliziane Gama (PPS), presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão.
O
deputado federal Simplício Araujo (SDD-MA) também afirmou que a visita
foi direcionada. “O governo do Estado alegou que os senadores não podiam
ir aos lugares mais críticos. Deve ser o grito de socorro deles
[presos], mas infelizmente eles não terão voz porque os senadores não
vão conversar com eles.”
A
greve de fome foi confirmada pelo secretário de Justiça e Administração
Penitenciária, Sebastião Uchôa. “São três alas que estão com presos em
greve de fome. Foi criada uma comissão para negociar com os presos as
reivindicações deles.” Ele não soube informar quantos presos estão
participando do protesto, mas diz acreditar que o motivo seja a
transferência de líderes de facções para outros Estados.
Insegurança
Segundo
o senador Humberto Costa (PT-PE), houve uma orientação da direção do
presídio para que o local não fosse visitado nesta segunda-feira.
“Não
vamos ao CDP porque, entre as alegações, e nós concordamos, disseram há
problemas de segurança de alta magnitude. Não em relação a nós,
senadores, mas na questão como um todo, pois há medidas judiciais que
serão tomadas são de conhecimento parcial dos presos, e nossa presença
lá poderia trazer problemas”, disse.
No
complexo, a comissão visitou a Casa de Detenção e Penitenciária São
Luís 1, que é de segurança máxima e onde flagraram superlotação e
problemas estruturais.
Rixa
Adversário
político da família Sarney no Amapá e vice-presidente da comissão,
Capiberibe afirmou ao GLOBO que acredita não ser muito bem-vindo no
Maranhão. A disputa política entre as duas famílias é antiga. O senador e
sua esposa, a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) atribuem a ações de
Sarney a cassação de seus mandatos, em 2005. Capiberibe teve sua
candidatura para governador impugnada em 2010.
- Acho que não sou muito bem-vindo aqui. Mas o Maranhão também é Brasil – disse João Capiberibe.
Esta
não é a primeira vez que Capiberibe visita o estado. Ele já esteve no
Maranhão fazendo campanha contra a cassação do mandato do ex´-governador
Jackson Lago (PDT), também adversário da família Sarney. Com sua
cassação, Roseana Sarney assumiu o Palácio dos Leões. O senador comentou
a situação do presídio de Pedrinhas.
-
Há um equívoco de concepção no sistema carcerário do Maranhão. Há uma
concentração de presos num único lugar. E parece que há uma
terceirização indevida.
Capiberibe
e outros cinco parlamentares chegaram a São Luís para visitar o
presídio e se reunirão, ainda nesta segunda-feira, com autoridades do
Ministério Público, do Tribunal de Justiça do Maranhão e da Defensoria
Pública do estado. Está previsto um encontro com a governadora Roseana
Sarney no final do dia.
- Espero ser recebido por ela – disse Capiberibe.
BNC Maranhão
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