15 de janeiro de 2014

Presos do Complexo de Pedrinhas entram no terceiro dia de greve de fome

São Luis - Presos de três pavilhões do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, entraram nesta quarta-feira (15) no terceiro dia de greve de fome.

Desde as 12h (horário local) da última segunda-feira (13), detentos de três pavilhões da CCPJ (Central de Custódia de Presos de Justiça) estão se recusando a consumir a alimentação oferecida pela unidade prisional.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Estado do Maranhão, Cézar Bombeiro, são cerca de 100 presos que participam da greve de fome.
"Eles pedem a saída da PM (Polícia Militar) da segurança dos presídios, pois agora o regime está mais rigoroso com a revista de todos. As regalias acabaram e drogas, celulares e outros produtos ilícitos estão mais difíceis de entrar com a revista feita pela polícia", disse o sindicalista.

Os presos também reclamaram de maus tratos e humilhações da PM. Internos contaram que estão sendo espancados pela polícia e que os alimentos que as famílias levam para eles são cortados e misturados.

A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos informaram que vão visitar os presos que estão em greve de fome no complexo ainda esta semana. Eles pretendem intermediar um diálogo entre os presos e o Estado. O dia da visita não foi divulgado.

"Pente fino"

Um pastor da Assembleia de Deus foi preso com uma lâmina no sapato ao ser revistado por homens do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, nessa terça-feira (14). José Luiz Sousa Neves, conhecido como "pastor Erasmo", foi flagrado com a lâmina dentro do sapato quando tentava entrar para evangelizar os presos de Pedrinhas.

No último sábado (11), duas mulheres foram presas em Pedrinhas durante a revista da PM ao tentar entrar com celulares e drogas escondidos nas partes íntimas.
A segurança do complexo penitenciário foi reforçada, em outubro do ano passado, com homens da Força Nacional de Segurança Pública, que devem ficar no local até 23 de fevereiro.
O Batalhão de Choque da PM assumiu a segurança do complexo no dia 27 de dezembro, por determinação do governo do Estado.

Após uma ação da Tropa de Choque da PM dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, na noite do último dia 3, quatro ônibus foram atacados, sendo três deles incendiados, e uma delegacia atingida por balas deflagradas de armas de fogo a mando de presos líderes de facções criminosas em Pedrinhas. Cinco pessoas foram queimadas, sendo que uma delas, uma criança de seis anos, morreu com 95% do corpo queimado.
A violência é extrema no Complexo Prisional de Pedrinhas. De 2013 até agora 62 presos foram assassinados.
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) relatou que o domínio de facções criminosas que agem dentro dos presídios maranhenses deixa as unidades prisionais "extremamente violentas" e que mulheres de presos que não são líderes de facções são estupradas em dias de visita pelo comando dos grupos criminosos para que os maridos não sejam assassinados. Há relatos de estupros fora dos presídios a mando dos líderes de facções.

A maior parte das mortes tem relação com brigas entre as facções criminosas Bonde dos 40 --nome em alusão à pistola ponto 40-- e PCM (Primeiro Comando do Maranhão), facção ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

O UOL entrou em contato com a Sejap (Secretaria de Estado da Justiça e da Administração Penitenciária), nesta quarta-feira (15), mas ninguém atendeu as ligações telefônicas. A reportagem também enviou um email, mas até a publicação deste texto ninguém havia respondido.
 
Fonte: Uol Noticias
BNC Maranhão

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