Kiev - As forças russas já têm sob seu controle a península da Crimeia,
região autônoma no sul da Ucrânia, segundo informaram neste domingo (2)
funcionários do governo norte-americano.
Numa tentativa de
buscar uma solução diplomática para a crise ucraniana, o secretário de
Estado dos Estados Unidos, John Kerry, deve chegar em Kiev na próxima
terça-feira (4) para oferecer seu apoio aos novos líderes interinos.
"O secretário viajará a Kiev. Estará lá na terça-feira", disse um
alto funcionário da administração norte-americana, acrescentando que
forças russas estão, "atualmente, em completo controle operacional na
península da Crimeia".
O novo primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, declarou que o país está "à beira de um desastre" após a "declaração de guerra" feita pela Rússia. "É o alerta vermelho. Não é uma ameaça, é, na verdade, uma declaração de guerra ao meu país", disse o premiê.
O governo dos Estados Unidos reiterou neste domingo sua disposição em
cooperar com a Rússia na busca de uma solução diplomática para a crise
da Ucrânia, mas advertiu ao governo russo que a invasão da Crimeia pode
custar sanções e o isolamento internacional.
A Alemanha também
está empenhada nas negociações com o governo russo para encontrar uma
saída para a crise. Segundo comunicado oficial, a chanceler alemã,
Angela Merkel, conversou por telefone neste domingo com o presidente russo, Vladimir Putin, que teria aceitado a proposta de iniciar "imediatamente" um diálogo político com a Ucrânia.
Mais cedo, o secretário de Estado americano havia classificado a ação
russa na Crimeia como "um ato descarado de agressão" e ameaçou o governo
de Putin com sanções.
"Os Estados Unidos continuam suas
consultas com aliados e parceiros em todas as partes do mundo e estão
dispostos a impor sanções, a ir até o extremo para isolar à Rússia
devido a esta invasão", disse.
"É uma violação da lei
internacional e uma violação da Carta das Nações Unidas", sustentou
Kerry, que apareceu em quase todos os programas dominicais de televisão.
"É uma ação do século 19 que põe em dúvida a capacidade da Rússia de
viver no mundo moderno."
Kerry ressaltou que, "se a Rússia quer
seguir sendo membro do Grupo dos 8, deve se comportar como um membro do
Grupo dos 8", e acrescentou que o governo dos EUA considera a
possibilidade de declarar um boicote à cúpula da entidade, programada
para junho na cidade russa de Sochi.
Tanto Kerry quanto o chefe
do Pentágono, Chuck Hagel, entrevistados pelo programa "Face the Nation"
da rede "CBS", disseram que o presidente Barack Obama mantém abertas
todas as opções.
Ingresso na Otan
A Ucrânia, da mesma
forma que Geórgia, país invadido pela Rússia em 2008, expressou
interesse em se incorporar à Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte) e tem fronteiras com a Polônia, Eslováquia, Hungria e Romênia,
todos membros da aliança.
Uma base aérea temporária americana na
Romênia, que servirá como ponto principal para as forças
norte-americanas que saem do Afeganistão, alcançou oficialmente sua
capacidade operacional plena na sexta-feira passada, segundo informaram
fontes militares.
Desde 2 de fevereiro, 6.000 soldados
americanos passaram pela Base Mihail Kogalniceanu, 40 quilômetros ao
noroeste da cidade de Constanta, sobre o Mar Negro. A base desempenha o
papel que durante muito tempo foi do Centro de Passagem de Manas, perto
de Bisqueque, a capital do Quirguistão.
Os especialistas em
assuntos militares consultados pela imprensa americana assinalaram, de
forma quase unânime, que os Estados Unidos não têm opções militares
reais para responder à ocupação russa da Crimeia.
BNC Mundo