12 de fevereiro de 2015

Projeto Jovem Comissário em São Luís será retomado pela corregedoria de justiça


Grande Ilha - Uma conversa entre o juiz corregedor José Américo Costa e alunos da Unidade Integrada Arimatéa Cisne, localizado na Estiva, marcou a retomada do projeto Jovem Comissário pela Corregedoria da Justiça, idealizado pela 1ª Vara da Infância e da Juventude de São Luís. O encontro foi realizado nesta terça-feira (10) e contou com apoio de uma equipe de servidores da 1ª Vara. A iniciativa tem o objetivo de formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

Na ótica do juiz corregedor, a sociedade necessita da presença do poder público para garantir o fomento da cidadania, principalmente nas comunidades mais carentes. Afastado da 1ª Vara da Infância para exercer a função atual na Corregedoria da Justiça, José Américo implementou diversas iniciativas na área da infância e da juventude na capital maranhense e afirmou que a proposta para este ano é estender algumas iniciativas para todo o Estado.

“Com a reativação do Conselho da Infância e da Juventude pela Corregedoria, nossa atuação na proteção das crianças e adolescentes foi ampliada. A corregedora está montando uma nova composição e já vamos iniciar os trabalhos envolvendo outras comarcas do Estado. Nossa proposta é ampliar a atuação, alcançando as comarcas do interior e estimulando iniciativas de proteção aos menores nos mais diversos municípios, assim como institucionalizar os projetos voltados para proteção das crianças e adolescentes”, garantiu José Américo.

Em conversa com alunos a equipe fez uma avaliação da execução do projeto na escola, oportunidade em que os estudantes foram capacitados para atuarem como multiplicadores. A proposta desta vez é dar prosseguimento a ações relativas ao projeto, mas envolvendo familiares dos alunos e também a comunidade em que estão inseridos. Os jovens aprovaram o projeto e de acordo com depoimentos são muitos os problemas na região. Eles destacam que a presença dos membros do Judiciário já ajudou na solução de problemas diários.

“Hoje, se me deparo com uma situação de violência contra menor já sei como fazer para resolver, para onde posso ligar ou quem procurar, como o Conselho Tutelar”, disse Alef Sousa, que participou do projeto e acaba de concluir o Ensino Fundamental.

Para Vanessa Aguiar, aluna do 8º ano, o projeto contribui para autoestima. Ela avalia como positiva a experiência, mas reforça que a comunidade também precisa estar envolvida. “Seria bom levar essa iniciativa para toda a comunidade para que outras pessoas pudessem ter a mesma oportunidade de acesso a informações que são importantes”, sugeriu.

Alguns temas foram propostos para as próximas etapas do projeto. Os estudantes querem o envolvimento das famílias e mais orientação sobre assuntos como relacionamento afetivo, educação e orientação de filhos, drogas ilícitas, direitos e deveres das crianças e dos adolescentes e exploração da mão de obra infantil.

Multiplicação – Além de formar cidadãos conscientes de seus direitos, o projeto também tem a finalidade de desenvolver nos alunos o senso de responsabilidade sobre a realidade em que vivem, tornando-os multiplicadores de todo aprendizado.

“Vivi uma situação que pude resolver com a formação que tive no projeto. Uma vizinha minha saía de casa e deixava os filhos sozinhos. Aí eu conversei com ela e expliquei que ela não podia fazer isso, pois poderia até perder a guarda das crianças se fosse denunciada. Hoje ela não deixa mais as crianças sozinhas”, contou Luis Felipe, aluno do 8º ano.

Realidade – Durante a reunião foram relatadas diversas dificuldades que a comunidade da Estiva enfrenta atualmente. A rede de serviços públicos é precária, com poucas oportunidades de lazer, prática esportiva e atividades culturais. Também houve diversos relatos do uso de drogas.

A equipe constatou que muitas crianças são colocadas para trabalhar no comércio que se instalou às margens da BR 135, em virtude da grande quantidade de caminhões que precisam parar no posto da Receita estadual. Apesar de contribuir para movimentar a economia na comunidade, os caminhoneiros fortalecem um comércio feito também por crianças.

Outro problema verificado foi a fragilidade nas relações familiares, uma vez que muitos pais precisam se deslocar até o Centro de São Luís para trabalhar, sendo obrigados a sair de casa antes do amanhecer e só retornando no período da noite. Durante todo o dia muitas crianças acabam ficando sem o acompanhamento dos pais. O deslocamento até a região central, por meio de transporte público, costuma demorar mais de uma hora.

Apoio – o Projeto Jovem Comissário é desenvolvido por uma equipe transdisciplinar e sua execução conta com a parceria promovida entre a Corregedoria Geral de Justiça; Tribunal de Justiça; Polícia Militar (GEAP); BEMFAM; Tribunal Regional Eleitoral; e Conselho Tutelar da Área Rural. 

BNC Política

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