7 de outubro de 2011

Feijão transgênico gera polêmica alimentar

O desenvolvimento no Brasil de um feijão geneticamente modificado, resistente a uma das pragas mais temidas, gera esperança no setor agrícola e, também, críticas dos que consideram que o projetofoi aprovado sem o suficiente debate para garantir que não afete a saúde humana nem o meio ambiente. 

O chamado Feijão 5.1 foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para enfrentar o mosaico dourado, uma doença que deixa as folhas da planta do feijão amarelada, deforma as vagens e os grãos, além de abortar o nascimento de suas flores, causando perda de 40% a 100% dos grãos.

Segundo a Embrapa, o vírus transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci) produz perdas anuais entre 90 mil e 280 mil toneladas de grãos, quantidade suficiente para alimentar entre seis milhões e 20 milhões de brasileiros adultos. Este alimento transgênico, que estaria na mesa dos brasileiros dentro de três anos, promete beneficiar por igual todos os tipos de agricultura, e aumentar a segurança da colheita, explicou à IPS Francisco Aragão, um dos responsáveis por seu desenvolvimento.


Enquanto os agricultores com recursos aplicam inseticida até uma vez por semana para controlar a mosca branca, aos produtores de pequena escala “resta apenas rezar” para não terem perdas significativas, disse Aragão. 

Ele destacou que, com o desenvolvimento desta semente transgênica, não será preciso aplicar inseticidas nesse tipo de cultivo. Isto, por sua vez, reduziria os custos de produção e, consequentemente, o preço para o consumidor de um alimento básico na dieta diária dos 192 milhões de brasileiros, acrescentou. SegundoAragão, o mosaico dourado exige que se use cada vez mais agrotóxicos, pois está criando resistências.

A comercialização do Feijão 5.1, o primeiro organismo geneticamente modificado produzido por uma entidade nacional, foi liberada em meados de setembro pela Comissão Técnica Nacional de Segurança (CTNBio), por 15 votos, duas abstenções e cinco contra que pediram mais análises. A Embrapa argumenta, para justificar a venda do produto, que as avaliações de biossegurança realizadas entre 2004 e 2010 seguiram as recomendações da CTNBio.


“A caracterização agronômica do Feijão 5.1 não mostrou nenhuma alteração fenotípica comparada com a do feijão parental, não geneticamente modificado”, segundo os técnicos da empresa. “Consideramos que é totalmente seguro para consumo humano e para semear”, disse Aragão, que também qualifica de “totalmente absurdas” as críticas dos que consideram o feijão transgênico menos nutritivo. É tão nutritivo como qualquer outro feijão no Brasil”, afirmou. A diferença, inclusive nas variedades tradicionais, se dá por região,

explicou.

Ele adiantou à IPS que a Embrapa mantém conversações com a Universidade de Honduras para realizar provas in situ nesse paíscentro-americano, em plantações controladas, inoculando o vírus local.

Aragão está certo de que a tecnologia desenvolvida para o feijão transgênico no Brasil “funcionaria” também na Argentina e na Bolívia,mas não sabem o que aconteceria no México e na América Central.

BNC Ciência

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