Gerente de uma loja de artigos populares na rua Barão de Itapetininga, no coração do centro de São Paulo, Socorro da Silva Vieira desistiu de exigir qualquer qualificação profissional de potenciais candidatos para as constantes vagas que tenta preencher.
Até há alguns meses, ela ainda pedia um mínimo de experiência, nem que fosse uma passagem rápida por algum comércio ou mesmo a simples conclusão do segundo grau.
Agora, basta saber ler e escrever, ser maior de 18 anos e “ter disposição para pegar no pesado” para conquistar um emprego com carteira assinada na A Econômica, a loja na qual Socorro já trabalha há quase uma década e meia. Mas, mesmo assim, uma folha já meio amarelada de papel sulfite repousa há dois meses em uma das vitrines com a seguinte frase; Procura-se Fiscal de Loja. “Não sei o que acontece, ninguém mais quer trabalhar”, diz ela, sem saber ao certo como resolver um problema que não conhecia até pouco tempo atrás.
As concessões feitas por Socorro em busca de trabalhadores para funções simples como a de um fiscal de loja, em que a qualificação profissional está longe de ser um imperativo, têm se repetido com frequência em praticamente todos os centros de comércio popular da cidade de São Paulo.
Na rua Barão de Itapetininga, onde Socorro trabalha, os anúncios buscando trabalhadores para toda sorte de empregos deixaram de ser uma exclusividade dos típicos homens sanduíche; migraram para os postes, antes o lar cativo de panfletos de pais de santo e de empresas de empréstimo consignado. O mesmo acontece na rua Tedodoro Sampaio, no bairro de Pinheiros, ou nas centenas de lojas do Brás. É difícil encontrar uma loja nessas regiões que não esteja em busca de algum funcionário.
BNC Oportunidade