A desistência de quatro gigantes do setor petroleiro do leilão do
pré-sal surpreendeu o Planalto e a ANP (Agência Nacional do Petróleo),
que previam uma disputa mais acirrada, com cerca de 40 empresas, e não
apenas as 11 que acabaram se inscrevendo.
Na lista final, seis são estatais --duas da China. Outra chinesa está
associada à espanhola Repsol e, na Petrogal, à portuguesa Galp. Entre as
grandes privadas, só figuram Shell (Reino Unido-Holanda) e Total
(França).
Para a China, o mais importante é mover a sua indústria manufatureira.
Ou seja, seu foco é exportar produtos de maior valor e usar commodities
importadas, como petróleo e minério de ferro.
Para analistas, o acesso ao petróleo é ainda uma questão geopolítica e
de garantia de suprimento externo que talvez seja fundamental apenas
para a China. Um sinal de interesse pela participação das chinesas foi a
visita recente de Graça Foster ao país.
Segundo executivos do setor, o formato do leilão e as regras do modelo
de partilha afastaram empresas que já tinham foco em outros países, como
BP e Exxon.
No campo regulatório, a incerteza maior é em relação à entrega do óleo à
nova estatal do pré-sal (a PPSA), que vai cuidar de todos os contratos
de partilha de produção, definindo o que pode ser abatido como custo
operacional do óleo e ser entregue a ela.
Outro ponto, dizem, é a imposição da Petrobras como sócia obrigatória
com 30% de participação e operadora do campo --ou seja, responsável por
todas as contratações de pessoal, equipamento, prazos de exploração etc.
Para David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP, o pré-sal perdeu
atratividade por outros motivos, como o menor grau de dependência de
países como EUA --que descobriram grande reservas de gás de xisto e será
autossuficiente em poucos anos. "O petróleo já não é tão estratégico
com o era há dez anos."
BNC Energia