Parlamentares
maranhenses, em especial o deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA),
membro honorável da famigerada bancada ruralista, com apoio dos grandes
grileiros de terra do Estado do Maranhão, movimenta mundos e fundos para
barrar a desintrusão da Terra Indígena Awá Guaja. Com o sórdido
argumento de que a retirada de não índios causará forte impacto na
economia maranhense, este parlamentar, que responde por diversas ações
por improbidade administrativa, fomenta o ódio contra segmento social
vulnerável, que representa um dos últimos povos caçadores e coletores do
planeta. Até mesmo segmentos da imprensa brasileira, historicamente
alinhada com os interesses ruralistas, destacam a situação desse etnia e
exigem a proteção deste grupamento histórico.
Por
outro lado, sicários, grileiros de terra, madeireiros e latifundiários,
protegidos e estimulados por Weverton Rocha, articulam uma guerra, não
silenciosa, mas escancarada, de caça aos Awás Guajas.
O CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO - CIMI e a SURVIVAL INTERNATIONAL USA, em maio de 2013, peticionaram junto à COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, requerendo, dentre os vários pontos, que, doravante,
as TIs Awá, Alto Turiaçu, Caru e Araribóia sejam dedicadas
exclusivamente ao uso e ocupação dos Awá e dos outros povos indígenas
para quem são intencionadas (http://www.cimi.org.br/pub/ MA/Awa-Guaja/PETICAOAWA_ 03MAIO2013.pdf).
Por
outro lado, em 17.12.2013, no plenário da Câmara Federal, Weverton
Rocha exige ao Ministro da Justiça a suspensão da desintrusão da TI Awá
Guajá, sob a alegação de que há milhares de pequenos agricultores na
área, que serão expulsos e jogados na beira da estrada. Contudo, o
parlamentar esquece de mencionar que os pequenos agricultores, todos
representados pelo STTR de Zé Doca e pela FETAEMA, há mais de 4 meses,
participam, em conjunto com o INCRA, o Terra Legal, o Governo do
Maranhão e a Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, da construção de
uma agenda com encaminhamentos concretos referentes à realocação dos
lavradores. Em relação à alegação do parlamentar, que afirma
permanentemente que o INCRA não teria áreas para reassentar famílias de
lavradores, esta não passa de uma mentira deslavada. De acordo com o
Ouvidor Agrário Regional do INCRA/MA, Paulo Sabá, em reunião realizada
em outubro de 2013, este garantiu que os assentamentos da região têm
capacidade plena de receber todas as 200 famílias de lavradores.
Quem
defende então, o parlamentar? Ora, bem simples. A sentença que
determina a desintrusão da TI AWA GUAJA, prolatada pelo juízo da 5 Vara
Federal do Maranhão, apresenta como réus vários grandes proprietários
rurais, dentre estes magistrados, secretários de governo, madeireiros,
que além da derrubada de remanescentes da floresta amazônica no
Maranhão, realizam a criação extensiva de gado bovino, numa região que
concentra um dos maiores rebanhos bovinos do nordeste brasileiro.
Tão
desesperado por não conseguir defender seus financiadores DE CAMPANHA,
em razão da iminente desinstrusão da TI AWA, Weverton Rocha está
viabilizando uma nova jogatina no Congresso Nacional, a fim de garantir o
paraíso dos grileiros, madeireiros e latifundiários: quer
a suspensão da criação da Reserva Biológica do Gurupi, localizada no
Oeste maranhense. A área de 271 mil hectares, foi criada pelo Decreto 95.614/88 e é a única unidade de proteção integral do Maranhão, por meio do Projeto de Decreto Legislativo 914/2013(http://www.camara. gov.br/proposicoesWeb/ fichadetramitacao? idProposicao=579217).
A
Avaaz, uma das maiores mobilizadores em torno de questões relacionadas
aos direitos humanos e ao meio ambiente lançou petição pública
denominada ''Não torne nossa floresta em pasto-Salve Gurupi'' (http://www.avaaz.org/po/save_ the_gurupi_rebio/?fpla), em que mais de 35 mil pessoas em todo o planeta já assinaram, exigindo que o congresso não aprove o referido projeto de decreto legislativo.
Weverton
Rocha continuará perseguindo poder e dinheiro, e em 2014, tentará a
reeleição. Os Awá Guajá e todos os povos da floresta maranhenses
continuarão em guerra contra Rocha e sua trupe.
Diogo Cabral, 30 anos, é advogado da FETAEMA, da CPT/MA, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA.
BNC Artigo