São Luis - A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), fez um
pronunciamento na televisão na noite dessa segunda-feira (6), sobre a
crise na segurança pública que atinge o Estado.
Em pouco mais de
dois minutos, Roseana se defendeu das críticas que vem sofrendo, cobrou
"respostas" da Justiça sobre as prisões realizadas pela polícia e se
disse revoltada com os ataques a quatro ônibus ocorridos na última
sexta-feira (3) e que resultaram na morte de uma criança de seis anos.
"Estou revoltada e repudio de forma veemente essas ocorrências
comandadas de dentro dos presídios. Sou mulher, mãe e avó. Imagino o
sentimento de dor e aflição que passam as famílias, seus parentes e
amigos. A violência dos covardes e selvageria de seus atos exigem de
todos nós uma resposta à altura, imediata, dentro dos ditames da Lei",
disse a governadora.
Para Roseana, o Estado deu sua resposta de
forma rápida ao prender 14 pessoas, entre adultos e adolescentes,
acusados do crime, mas cobrou resposta também da Justiça
"Em menos de 36 horas a polícia prendeu os autores e identificou os
mandantes desses atentados, que estão sendo responsabilizados com rigor.
Espero uma resposta da Justiça", disse.
Nessa segunda-feira (6), em nota oficial, o governo do Maranhão acusou o CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) de dizer inverdades sobre o Complexo
Prisional de Pedrinhas com o intuito de atacar o governo e provocar
medo.
"Subjugados"
Em meio às críticas que vem
recebendo pela sua atuação, a governadora disse que não vai aceitar ser
"subjugada" e disse que não falta empenho para conter a crise.
"Reafirmo a minha determinação de combater o crime e o tráfico de
drogas. Não seremos subjugados e nem nos deixaremos amedrontar por
criminosos. Não fugirei à minha responsabilidade", afirmou a
governadora.
A governadora ainda fez um alerta aos moradores, para que não deem
atenção a boatos. "Peço ao povo maranhense que não dê ouvidos a essa
rede de boatos que tentam tumultuar o dia a dia do cidadão. Da parte do
governo, não faltarão força e determinação para enfrentar os criminosos e
manter a paz e a tranquilidade", finalizou o discurso.
No pronunciamento, em um dos momentos, a câmera foca Roseana com a foto ao fundo da presidente Dilma Rousseff.
Ônibus
Os ônibus de São Luís voltaram a circular nas ruas da cidade à noite. A
decisão veio após reunião, na noite dessa segunda-feira (6), entre
Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Estado do
Maranhão, Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito e Polícia
Militar.
No fim de semana, após a onda de ataques na sexta-feira
(4), que deixou uma criança morta e quatro feridos, os moradores
ficaram sem transporte no sábado e domingo à noite. O motivo foi o medo dos rodoviários de novos atentados. Naquele dia, quatro ônibus foram atacados e incendiados.
Na noite dessa segunda, os rodoviários participaram do encontro com
integrantes da prefeitura e PM, e decidiram recolocar a frota na rua com
a definição de ações em pontos de movimentação e paradas de ônibus.
"A PM garantiu que vai fazer todo o esforço, e nós demos um voto de
confiança. O problema é que, às 19h, muitos ônibus foram recolhidos, e
os poucos que estão rodando estão vazios. Mas decidimos voltar hoje, e
amanhã tudo será normalizado", disse o presidente do Sindicato, Gilson
Coimbra.
Nesse domingo (5), O secretário-adjunto de Segurança
Pública do Maranhão, Laércio Costa, afirmou que a Polícia Militar
reforçou, com homens ainda em treinamento, a segurança nos pontos finais
de ônibus de São Luís, após os ataque.
"Nós estamos empregando
os 700 homens da PM que estão no estágio operacional no efetivo,
principalmente nos pontos finais de ônibus, onde estamos identificando
essa ação", disse.
Ataques
De dentro do Complexo Prisional de Pedrinhas, em São Luís, detentos comandaram ataques a quatro ônibus e duas delegacias, entre a noite da sexta-feira (3) e sábado (4), que resultaram em uma criança morta e quatro feridos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, o comando dos ataques partiu de prisioneiros do Complexo de Pedrinhas.
O local registrou 60 mortes em 2013 e relatórios do CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) apontaram a atos de "violência extrema" e
a ocorrência de estupros em mulheres de presos que não são chefes de
setor ou líderes.
Desde o último dia 27, a Polícia Militar assumiu o complexo. Apesar da ação, ele já registrou duas mortes em menos de 24 horas neste ano.
Fonte: Uol
BNC Maranhão