24 de fevereiro de 2014

Por toda a minha vida, Pai…




Por Juraci Vieira Filho

Por toda a minha vida, Pai…
Já se passaram 2 anos sem o campeão Juracy Vieira, pouco tempo, perto da imensidão de uma vida inteira que eu, Juraci Vieira da Silva Filho, e família, teremos que passar sem você Pai, aqui na Terra. Só nos restam às lembranças, aquelas que vêm e que vão trasladando o amor, o desejo perene de vê-lo, tocá-lo e beijá-lo, mas é que nem maré, quando vem traz a memória esfuziante da nossa convivência como: filho, amigo, companheiro, confidente, pai de 2 netos ( Rafaella e Leonardo), sobretudo um fã incondicional do homem e profissional exemplar, Juracy Vieira
.
Ao que me lembro, a história entre eu e papai, começou logo cedo, aos cinco anos de idade, quando pela primeira vez, ele me levou ao estádio Nhozinho Santos para ver um jogo do Maranhão Atlético Clube. Era 1982, me recordo que o MAC ganhou o jogo, e logo passei a simpatizar pelo clube, ora, era o time do meu ídolo também, mas confesso: não foi preciso me pressionar para que eu logo viesse a torcer pelo clube das quatro cores. Entretanto, recordo-me que ficava o tempo todo olhando para cabine, a época da Difusora, o meu querido Juracy Vieira narrando com a mão esquerda, tirando e botando o fone do lado esquerdo do ouvido, achava aquilo impressionante, ver aquela dedicação, vibração e criatividade reluzente, que ele demonstrava com tamanha facilidade pra falar e argumentar. Meu pai era aquele homem que podia se dizer: “nasceu com o dom da palavra”, pois falava fácil, fácil e ainda tinha rima rica, é verdade!

Começava ali uma “página da vida”, porque o filho deixava de ser apenas uma reprodução humana, para ceder espaço a uma espécie de fã ardoroso, capaz de pegar os gravadores da equipe de esporte e imaginar partidas de futebol fictícias para narrar, ou seja, também imitar o meu pai, que a esta altura, virou minha inspiração. Quantas vezes o meu velho, Juracy Vieira, não estava tomando sua cerveja gelada no bar do Zé Luanda, no São Francisco, e ia me buscar na rua 03 casa 656 no mesmo bairro, para que eu tímido, menino de 8,9,10 anos narrasse ali um jogo fictício para Zé Santos, Anacleto Araújo, José Carlos Teixeira, Ribamar Furtado, Carlos Henrique e o também saudoso Adolfo Vieira(tio) pudessem se deleitar com as minhas travessuras, e por quê não dizer sonho mesmo?

Até que em 1991, aos 14 anos, meu mestre me deu a primeira oportunidade na equipe 680 e na TV Difusora, também, aí não preciso dizer mais nada, foram 20 anos juntos formando a inusitada dupla: pai e filho. Um certo dia, ouvi o irmão Zeca Soares dizer o seguinte: “Eu fazia faculdade e às vezes não dava para ir ao estádio de futebol, ver o jogo, mas ligava o rádio e ouvia o Juracy Vieira narrando, pois sabia justamente onde estava o jogador com a bola”, foi uma das falas mais bonitas que já ouvi alguém dizer sobre o trabalho de um profissional, o Zeca tinha razão.

Confesso que, quando meu pai nos deixou cheguei a pensar em não mais narrar futebol, passei dois meses sem ir a um estádio, mas num belo dia acordo ou ainda estava dormindo, e de repente, ouvi aquele vozeirão dizendo: “deixa de ser bobo rapaz, continua tua vida, quem entra nessa profissão, nem depois de morto para, eu não te preparei para ser mole, não cara!”

Depois dessa passagem, eu retomei o trabalho e as narrações esportivas, até mesmo para homenagear o velho, amado pai/mestre Juracy Vieira, não dava para desobedecê-lo. Este ano, menos de um mês para completar dois anos do seu falecimento, recebi um e-mail que me chamou muita atenção, para ser sincero, até me causou arrepios. Aguardava a confirmação da Rádio Nacional e FIFA para trabalhar na Copa do Mundo do Brasil, lembro muito bem que pediram-me nome completo, documentos pessoais e principalmente o nome que era conhecido aqui no Maranhão, o chamado “nome artístico”, eu naturalmente informei ao coordenador da Rádio Nacional Rio, Philipe Deschamps, quando agora recebo a confirmação de credenciamento da FIFA, direto de Zurique, Suíça. Sabem que nome está no credenciamento? eu me emociono, calma…  “Juraci Vieira”.

De onde estiver pai, sei que está feliz, e pode ter a certeza que com o seu nome vou relembrar um pouco da sua vida profissional na história das copas.

Eu te amo pai, por toda a minha vida!!!

De um filho eternamente apaixonado,

Juraci Filho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

quero comentar