8 de março de 2014

Sem acordo, oposição e governo venezuelanos vão às ruas em busca de apoio

Caracas - O governo venezuelano promove hoje (9) reuniões com setores políticos e da sociedade em Caracas e em San Cristóbal, capital de Táchira, reduto da oposição e cidade onde foram registrados os mais violentos protestos contra o governo nas últimas três semanas. Haverá reuniões sobre cultura, esportes e meios de comunicação. Está prevista muita discussão, porque os venezuelanos condenam a censura e o desrespeito à liberdade de expressão.

No sábado, (8) uma Conferência de Paz para Mulheres foi aberta pelo presidente Nicolás Maduro em Caracas. Em San Cristóbal, um encontro regional debateu alimentação e agricultura. Enquanto as comissões se reuniram, houve protestos e marchas organizadas pela oposição.

Empresários, agricultores, transportadores e ministros participaram da conferência regional, nas comissões de agricultura e alimentação. Na mesma cidade, estudantes, representantes da sociedade civil e políticos de oposição marcharam batendo panelas vazias com cartazes contra a violência e a falta de comida.

Durante a abertura do evento em Caracas, Maduro fez um chamado à oposição para participar das conferências. “Tomara que a oposição venha e diga o que temos que fazer olho no olho“, afirmou.

A Mesa da Unidade Democrática não comparece às conferências promovidas pelo governo, alegando que não foi estabelecida uma agenda de negociação, e que o governo não atende às reivindicações, como liberação de todos os estudantes detidos em três semanas de protestos.

Há também reivindicação de liberdade para o líder opositor Leopoldo López do partido Vontade Popular, preso desde o dia 18 de fevereiro, sob acusação de coordenar atos violentos durante as manifestações.

A oposição denunciou que uma manifestação de mulheres que marchava em direção ao Ministério de Alimentação, para entregar um documento ao ministério, foi impedida de chegar ao local.

O governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, disse que o governo comete um erro ao acreditar que o mal-estar social acabará com a repressão. "Vimos uma demonstração clara da debilidade do governo. Nossa luta não é contra um povo chavista, mas sim contra um grupinho de culpados pela escassez. Hoje vimos como o governo tem medo das manifestações contra a falta de produtos", disse Capriles.

Táchira, estado onde começou a onda de protestos é o mais afetado pela escassez de produtos e pela violência. É também onde a oposição é mais forte.

Enquanto aconteciam os protestos apoiados pela prefeitura de San Cristóbal, representantes do comércio, da indústria e da agropecuária, além de ministros de governo, participaram das comissões de agricultura e alimentação.

As principais queixas do setor produtivo são sobre a insegurança nas estradas para transporte de mercadorias e dificuldades de conseguir dinheiro para comprar mercadorias.

O reflexo dos problemas aparece nas ruas. A população reclama da falta de produtos, como leite, farinha de trigo e a farinha de milho para fabricação de arepas (espécie de pão, muito popular no país).

BNC Mundo

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