Caracas - O governo venezuelano promove hoje (9) reuniões com setores políticos
e da sociedade em Caracas e em San Cristóbal, capital de Táchira,
reduto da oposição e cidade onde foram registrados os mais violentos
protestos contra o governo nas últimas três semanas. Haverá reuniões
sobre cultura, esportes e meios de comunicação. Está prevista muita
discussão, porque os venezuelanos condenam a censura e o desrespeito à
liberdade de expressão.
No sábado, (8) uma Conferência de Paz para Mulheres foi aberta pelo
presidente Nicolás Maduro em Caracas. Em San Cristóbal, um encontro
regional debateu alimentação e agricultura. Enquanto as comissões se
reuniram, houve protestos e marchas organizadas pela oposição.
Empresários, agricultores, transportadores e ministros participaram
da conferência regional, nas comissões de agricultura e alimentação. Na
mesma cidade, estudantes, representantes da sociedade civil e políticos
de oposição marcharam batendo panelas vazias com cartazes contra a
violência e a falta de comida.
Durante a abertura do evento em Caracas, Maduro fez um chamado à
oposição para participar das conferências. “Tomara que a oposição venha e
diga o que temos que fazer olho no olho“, afirmou.
A Mesa da Unidade Democrática não comparece às conferências
promovidas pelo governo, alegando que não foi estabelecida uma agenda de
negociação, e que o governo não atende às reivindicações, como
liberação de todos os estudantes detidos em três semanas de protestos.
Há também reivindicação de liberdade para o líder opositor Leopoldo
López do partido Vontade Popular, preso desde o dia 18 de fevereiro, sob
acusação de coordenar atos violentos durante as manifestações.
A oposição denunciou que uma manifestação de mulheres que marchava em
direção ao Ministério de Alimentação, para entregar um documento ao
ministério, foi impedida de chegar ao local.
O governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, disse que o
governo comete um erro ao acreditar que o mal-estar social acabará com a
repressão. "Vimos uma demonstração clara da debilidade do governo.
Nossa luta não é contra um povo chavista, mas sim contra um grupinho de
culpados pela escassez. Hoje vimos como o governo tem medo das
manifestações contra a falta de produtos", disse Capriles.
Táchira, estado onde começou a onda de protestos é o mais afetado
pela escassez de produtos e pela violência. É também onde a oposição é
mais forte.
Enquanto aconteciam os protestos apoiados pela prefeitura de San
Cristóbal, representantes do comércio, da indústria e da agropecuária,
além de ministros de governo, participaram das comissões de agricultura e
alimentação.
As principais queixas do setor produtivo são sobre a insegurança nas
estradas para transporte de mercadorias e dificuldades de conseguir
dinheiro para comprar mercadorias.
O reflexo dos problemas aparece nas ruas. A população reclama da
falta de produtos, como leite, farinha de trigo e a farinha de milho
para fabricação de arepas (espécie de pão, muito popular no país).
BNC Mundo