11 de abril de 2014

Pesquisa do Sesc revela hábitos culturais do brasileiro

São Luis - O brasileiro não tem entre seus hábitos a frequência aos espetáculos culturais como dança, música e teatro. É o que aponta a pesquisa ‘Públicos de Cultura: hábitos e demandas’, realizada pelo Sesc em parceria com a Fundação Perseu Abramo. Das 2.400 pessoas entrevistadas em setembro de 2013, em 25 estados, mais da metade (61%) nunca havia assistido a uma peça teatral. O índice chega a 89% quando se trata de concertos de ópera ou música clássica; 75% em dança; e 71% em exposições de pintura e escultura em museus. O lançamento nacional dos resultados aconteceu nesta quarta, dia 9 de abril, no Sesc Pinheiros, São Paulo.

O objetivo da pesquisa foi mapear os hábitos e práticas artístico-culturais dos brasileiros. “A produção e o tratamento de informações no campo da cultura nos últimos anos vêm passando por uma enorme transformação, mas ainda carecemos de uma base de dados de caráter nacional para guiar a produção de cultura. Nesse contexto, há um descompasso entre a oferta crescente de políticas culturais face à baixa frequência de públicos. Por isso, investimos na pesquisa de públicos de cultura, por sua importância central na construção de um patrimônio para os agentes envolvidos, sejam eles produtores, gestores e demais implicados nas manifestações culturais”, explica Claudia Marcia Barros, gerente de Estudos e Pesquisas do Departamento Nacional do Sesc.

A partir dos resultados serão realizados seminários em todas as regiões do Brasil com objetivo de apresentar a pesquisa e debater sobre os dados regionais.  O primeiro seminário aconteceu no Sesc Pinheiros, em São Paulo, nesta quarta (9). Em seguida, recebem o evento os estados do Amazonas (5 de maio), Mato Grosso (7 de maio), Pernambuco (12 de maio), Minas Gerais (14 de maio) e Santa Catarina (3 de junho).

Incentivo a cultura

O levantamento nacional mostra que de segunda à sexta 58% dos entrevistados gasta o tempo livre com atividades em casa. Nos fins de semana, 34% das pessoas alegam realizar atividades em casa, 34% buscam atividades de lazer e 9% costumam dedicar-se às práticas religiosas. No que diz respeito às produções culturais, a pesquisa revela que apenas 15% dos entrevistados afirmam que cantam em grupo ou individualmente, 13% praticam alguma dança e 10% tocam instrumentos. As atividades menos produzidas são teatro e expressão corporal, cada uma soma apenas 1% dos entrevistados.


“Os dados reforçam a necessidade de aprofundarmos as discussões sobre o fazer e a fruição artística no país. Com a realização dos seminários poderemos não só divulgar estas informações como também fomentar o debate, estimular a construção de políticas, articulando os diversos atores envolvidos e considerando as diferentes realidades de cada
 região”, afirma Marcia Costa Rodrigues, gerente de Cultura do Departamento Nacional do Sesc.

Outra curiosidade revelada pela pesquisa é que o tradicional “boca a boca” ainda é o principal meio de difusão dos programas de lazer, entretenimento e atividades culturais, onde se pode aferir a importância dos espaços e práticas coletivas na socialização e indução de experiências e trocas culturais. De acordo com o levantamento, os entrevistados selecionam seus programas culturais a partir de sugestões de amigos, parentes e colegas (41%), divulgação da mídia (36%) e internet (25%). Quando perguntados sobre quais atividades gostariam de fazer nas horas livres se pudessem escolher, sem a preocupação com o tempo, dinheiro ou permissão, mais da metade (51%) citou o desejo de viajar, enquanto 41% citaram a companhia da família, 24% a vontade de cuidar de si mesmos e outros 18% a intenção de descansar e não fazer nada.

Hábitos de leitura e TV

O estudo mapeou os hábitos de leitura e televisivos dos brasileiros. De acordo com o levantamento, a maior parte das pessoas (58%) não leu nenhum livro nos últimos seis meses e os que leram (42%) possuem uma média de apenas 1,2 livros lidos neste período.

Maranhão

Os resultados da pesquisa nacional apontam uma realidade enfrentada e denunciada por muitos artistas maranhenses. A falta de apoio atinge a classe artística e o desenvolvimento potencial do público consumidor. Músicos clássicos, cineastas, escritores, compositores, dentre outros artistas de talento têm esbarrado na ausência de suporte financeiro e político.

Nessa perspectiva, o Sesc no Maranhão, ao longo de 66 anos de atuação, configurou-se como um dos principais articuladores culturais locais, estimulando a produção artística por meio de ações efetivas, criando, dessa forma, condições para o revigoramento da produção maranhense.

 As dificuldades de acesso às informações e tecnologias próprias à produção artística são fatores preponderantes para a baixa frequência de público nos estados brasileiros. Apesar dos dados da pesquisa ‘Públicos de Cultura: hábitos e demandas’ ainda apresentarem um quadro desanimador, o trabalho de estímulo à produção e difusão da arte em geral realizado pelo Sesc tem buscado enfrentar e superar essa realidade, ampliando o acesso aos diversos segmentos artísticos: artes cênicas, visuais, audiovisual, dança, música  e literatura.

A formação de público consumidor de cultura requer um esforço social coletivo.Ler livros, assistir a concertos musicais ou até mesmo ir ao teatro ainda são privilégio de uma pequena parcela da população. Segundo a coordenadora de cultura do Sesc no Maranhão, Isoneth Almeida, o estado dá seus primeiros passos rumo a democratização da arte. “A partir do Plano Nacional de Cultura, o Maranhão começou a delinear diretrizes estaduais e municipais, avançou nas discussões por segmentos culturais e está efetivando os conselhos. É a sociedade lutando pelo direito à cultura”, explicou.

A pesquisa completa está disponível no site http://www.sesc.com.br/publicosdecultura


BNC Cotidiano

Nenhum comentário:

Postar um comentário

quero comentar