Pinheiro - O
curso de medicina da Universidade Federal do Maranhão chega, pela primeira vez
em cinco décadas de existência, a cidades do interior do estado. Com a abertura
do período letivo do ano acadêmico 2014, da primeira turma de medicina, em
Pinheiro, nesta sexta, 04, e em Imperatriz, na próxima terça-feira, 08, a UFMA
fortalece ainda mais o seu programa de interiorização e expansão, focado na
oferta de novos cursos de graduação em diversos municípios maranhenses.
Em
Pinheiro, a aula inaugural será ministrada pelo Superintendente
da Atenção Básica do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda Magalhães, e em
Imperatriz, pelo reitor da UFMA, Natalino Salgado, com o tema “Tarquínio Lopes
Filho: médico e humanista”. As atividades acontecem nos campi das duas cidades
e na programação consta, ainda, o
acolhimento dos estudantes com a apresentação do projeto pedagógico e o
planejamento das atividades acadêmicas.
O momento é de extrema importância tanto para o Maranhão, que
terá em menos de uma década novos profissionais prontos para atuar em benefício
da saúde de seus conterrâneos, em
regiões hoje desassistidas por estes profissionais, quanto para alunos e familiares de dezenas de jovens, que com o início
da formação profissional estão dando um grande passo na concretização de um
sonho.
É o caso do estudante Clayton Domingos dos Santos Campos, 18
anos, nascido em São Bento, e aprovado em primeiro lugar para medicina em
Pinheiro. De uma família de baixa renda, ele já havia sido aprovado no ENEM para química industrial na
UFMA, mas por falta de condições financeiras não conseguiu se matricular no
curso na capital. “Minha vontade é fazer neurocirurgia, me especializar nessa
área”, afirma. Ele diz acreditar que esse curso vai ser um grande incentivo
para a baixada e vai melhorar bastante a educação da região, visto que
incentivará outros jovens como ele a lutar por seu objetivo.
Também
natural da baixada maranhense, o reitor Natalino Salgado, de Cururupu, fez
questão de visitar, em fevereiro passado, o jovem e sua família para conhecer
um pouco da história de vida dessas pessoas. “Fiquei muito feliz ao saber da
notícia por que isso demonstra que, com esforço e dedicação, qualquer sonho
pode virar realidade”, diz.
A criação
desses cursos visa suprir o déficit histórico e as necessidades do estado do
Maranhão. “Há lugares onde a saúde segue
o ‘padrão FIFA’, mas no nosso estado enfrentamos um grande desafio nesse campo.
A Universidade Federal do Maranhão está empenhada nesta luta para reverter esta
situação precária”, enfatiza.
O novo curso de medicina é
fundamentado na proposta nacional do modelo assistencial que vem sendo posto em
prática pelo governo federal. É o que
revela o professor Ruy Guilherme
Silveira Souza, da Universidade Federal de Roraima, representante
do programa da Política Nacional de Expansão das Escolas Médicas
do
Ministério da Educação (MEC). “Nós
entendemos que a necessidade de médicos cresceu muito, não só pelo aumento
populacional, mas, também, pelo aumento do número de serviços que antes não
existiam, como, por exemplo, os médicos de saúde da família, os médicos que
trabalham na atenção primária e na prevenção de doenças. Na verdade, esse
projeto de expansão tem como foco as regiões subservidas”, explica.
Hoje, o Maranhão é o estado que tem a menor relação de
médicos a cada mil habitantes no Brasil. Embora na capital maranhense a
percentagem seja maior, no interior essa relação é muito baixa, o que indica
que as ações de saúde precisam ser interiorizadas. São Luís tem 2,5 médicos
para cada mil habitantes. Em lugares mais distantes da capital, a proporção cai
para quase 0,5, índice que corresponde ao de países mais pobres da África.
Dentre os
vinte e sete professores há biólogos, odontólogos, terapeutas, farmacêuticos,
psicólogos, enfermeiros e médicos. A coordenadora do curso de medicina da UFMA, em São
Luís, Maria do Carmo Lacerda Barbosa, explica que os professores são
aconselhados a ensinarem, além dos conteúdos regulares, a interação entre os
estudantes e as comunidades. “O ensino vai estar atrelado à extensão. A
interação entre os estudantes e as comunidades é imprescindível”, avalia.
BNC Noticias