São Luis - O
clima de mobilizações vivido no Brasil desde junho do ano passado, com
questionamento aos governantes, à qualidade da prestação do serviço
público e aos gastos com grandes eventos como a Copa do Mundo, chegou de
vez aos servidores, com greves em vários setores do funcionalismo.
No Maranhão, o Sinasefe e suas seções sindicais deflagraram processo de paralisação em diversos campi do
IFMA (Instituto Federal do Maranhão), com as aulas paralisadas em dois
campi na capital (Maracanã e Monte Castelo) e em mais cinco cidades
(Alcântara, Codó, São Raimundo das Mangabeiras, Caxias e Bacabal).
Segundo o professor Pedro Ribeiro, coordenador do Sinasefe Monte
Castelo, as aulas estão paralisadas desde que a greve começou nessa
unidade do IFMA, na última segunda-feira, 12 de maio. Durante a
Assembleia Geral no Monte Castelo, realizada pelo Sindicato no dia 6 de
maio, boa parte dos estudantes declarou apoio ao movimento, vendo aí uma
possibilidade de pressionar também pela qualidade na prestação do
ensino e na expansão hoje vivida pela instituição, que chega a vários
municípios do interior do Estado, mas com perspectivas inferiores às
vivenciadas em outros momentos na mesma instituição.
No
caso do Judiciário, órgãos como Justiça do Trabalho da Primeira
Instância da capital, que funciona no Fórum Astolfo Serra, no bairro da
Areinha, em São Luís, bem como a sede do TRE e da Justiça Federal, todos
com instalações nesse mesmo bairro, os servidores deliberaram, em
assembleias realizadas na última terça, dia 13, e ratificadas em
Assembleia Geral da categoria na Justiça Federal na última quinta-feira,
dia 15, participar do “Apagão do Judiciário Federal e do MPU”,
chamado pela Federação Nacional dos Servidores, a Fenajufe, e
confirmado em vários estados – alguns deles já em greve por tempo
indeterminado, como Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo. O
“apagão”, paralisação de 24h nesses órgãos, é considerado pelos
servidores como o primeiro passo para a construção da greve por tempo
indeterminado – tanto que, após o ato que haverá nesses órgãos, eles
deverão avaliar, em Assembleia Geral, a entrada na greve nacional, com
vários outros estados também seguindo nessa direção. No Fórum Astolfo
Serra, os servidores devem se reunir a partir das 7h30 da manhã da
quarta, 21; os servidores da Justiça Federal, por volta das 8h30, e o
TRE a partir das 13h desse dia.
Além
desses setores, os professores da UFMA decidiram por também paralisar
as atividades na quarta-feira, 21. Eles já têm, em nível nacional,
indicativo de greve por tempo indeterminado para o início de junho. Na
Universidade Federal, os técnicos já estão em greve há mais de um mês.
Além
dos setores federais, na última sexta-feira, 16, em Assembleia, os
docentes municipais decidiram, por unanimidade, também entrar em greve.
No
caso do serviço público federal, a greve é uma resposta à falta de
negociação por parte do Governo. Desde o início do ano o funcionalismo
vem trabalhando numa perspectiva de reunir suas reivindicações, que
passam pelo cumprimento da Constituição, com o estabelecimento da
data-base do funcionalismo, não instituída governo após governo. Eles
também requerem o cumprimento dos acordos firmados pelo governo Dilma
com os setores que fizeram greve nos últimos anos, não cumpridos sob a
alegação costumeira da falta de recursos. Eles consideram esse argumento
inválido e, como prova, apontam os gastos com a Copa do Mundo: em
janeiro, os servidores federais lançaram Campanha Salarial Unificada,
sob o mote “Lutando Juntos a Gente Conquista Serviço Público Padrão
Fifa”.
BNC Cotidiano