Brasília - A operação Lava Jato e a lista do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, na qual solicita ao Supremo Tribunal Federal (STF)
abertura de inquérito contra 50 políticos do esquema de desvios de
verbas da Petrobras, evidenciam que: ou se acaba com o financiamento
empresarial das campanhas eleitorais ou o financiamento empresarial
acaba com o sistema político democrático brasileiro.
A
investigação do Ministério Público Federal estima que o total de
recursos desviados da Petrobras alcança UM BILHÃO DE REAIS! É o maior
esquema de corrupção até hoje conhecido na República.
A petição
nº 5260, apelidada de “petição do fim do mundo”, demonstra a existência
de cinco núcleos da complexa organização criminosa: o financeiro
(operadores da propina), o administrativo (funcionários da Petrobras), o
político (envolvendo os principais partidos do governo e da oposição
conservadora) e o núcleo econômico (as empreiteiras).
O núcleo
político une no esquema de desvio tanto os partidos do governo petista
(PP, com 32 envolvidos; PT e PMDB, com oito cada; PTB, com um) quanto da
oposição tucana, o PSDB (com um senador envolvido).
No Maranhão, o “Petrolão” pegou tanto o grupo sarneyzista quanto o grupo dinista. Roseana Sarney, Edison Lobão e Waldir Maranhão representam o esquema de financiamento que marcaram as eleições maranhenses tanto na oligarquia quanto na sua dissidência consentida.
O elo entre todos: as empreiteiras, o braço econômico da organização criminosa.
Empreitas financiam campanhas em troca de obras nos governos. Financiam
políticos para terem força quando da nomeação dos técnicos das empresas
públicas. Pagam propina para sustentar o esquema que lhes garantem
manter o círculo vicioso do financiamento de campanhas.
SÓ A
REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA PODE DAR FIM AO FINANCIAMENTO EMPRESARIAL
DAS CAMPANHAS E AO ESQUEMA CRIMINOSO DE DESVIO DE VERBAS DAS OBRAS
PÚBLICAS.
Ir às ruas sem reivindicar a reforma política e o fim
do financiamento empresarial é tão somente tirar proveito partidário da
situação política estarrecedora à qual o governo do PT-PMDB levou o
País.
Convocar a defesa da Petrobras contra sua privatização, por
sua vez, é pensar que o povo brasileiro é imbecil o suficiente para não
perceber que o PT busca desviar o foco das opções equivocadas feitas
por Dilma Rousseff, sob conselho do ex-presidente Lula, em seus
primeiros atos de governo, que retomam o receituário clássico neoliberal
– ao contrário do que anunciou que faria na campanha eleitoral.
Sem o protagonismo das organizações populares e das cidadãs e cidadãos
honestos nesse cenário, ficaremos a reboque de falsas lideranças que,
nas manifestações de Junho de 2013, proclamavam o apartidarismo das
passeatas, mas, agora, anunciam uma volta às ruas sob a bandeira
(tucana) do impeachment de Dilma. Para colocar quem no Planalto? Os
líderes desse PMDB? Do vice-presidente Michel Temer? Do presidente da
Câmara Federal Eduardo Cunha, o da bolsa-passagem para cônjuges? Do
presidente do Senado Federal, Renan Calheiros? - eis a ordem de
sucessão, definida pela Constituição Federal, no caso de impedimento da
presidente...
É tempo de mobilização, sim, mas pela reforma
política democrática, pelo fim do financiamento empresarial das
campanhas eleitorais. PELA RADICALIZAÇÃO DA DEMOCRACIA! E não por seu
fim.
BNC Artigo